Dos três pilares que sustentam uma sociedade - saúde, educação e segurança – os menos favorecidos são os que mais dependem e sofrem com a falta ou a ineficiência destes.
A falta de segurança pode ser considerada como um complicador a mais das outras duas. Afinal, a insegurança contribui para a superlotação dos hospitais e, como se pode ver agora no município de Fagundes na Paraíba – a 130 km da capital João Pessoa, também está chegando às escolas municipais, contribuindo para que o ensino, que já não anda a contento, se torne ainda menos atrativo aos professores e alunos.
A ação de criminosos tem se tornado tão frequente que só na zona rural de Fagundes houve quatro arrombamentos a escolas públicas em quinze dias. Apesar de não ser a primeira ação dos bandidos contra os estabelecimentos de ensino, eles parecem ter tomado gosto pelo novo filão encontrado.
No dia 23 de agosto último os bandidos atacaram a Escola Municipal Francisco dos Reis, na localidade de mesmo nome, e levaram um aparelho de som, uma TV, um DVD, um liquidificador e toda a merenda destinada à alimentação das crianças. Em primeiro de setembro invadiram a Escola Municipal Manoel Felipe dos Santos, no sítio Melancia. Depois de arrombarem portas e janelas, os ladrões levaram um micro system, um relógio de parede, uma panela de pressão e todos os mantimentos que seriam usados na alimentação dos alunos. No dia cinco, da Escola Municipal Sebastião Barbosa de Melo, no sítio Trapiche, levaram um DVD, um liquidificador, uma panela de pressão, alimentos e material de limpeza. Quatro dias depois, no dia 09, foi a vez do Grupo Escolar José Maria Barbosa Leite, no sítio Catucá, de onde furtaram um botijão de gás, um liquidificador e uma panela de pressão.
Nas duas primeiras ações a secretária Maria José Rodrigues de Almeida, juntamente com as diretoras das escolas, prestou queixa na delegacia da cidade. Nas duas seguintes não havia delegado de plantão para registrar as ocorrências. “Tive que me deslocar até a sede da comarca, na cidade de Queimadas, para registrar o boletim de ocorrência pois o delegado, nos dias dos dois últimos ataques, estava de plantão na cidade de Queimadas”.
A secretária afirmou ainda que pediu a ajuda do Ministério Público para que alguma solução fosse tomada com relação a insegurança que hoje impera na cidade devido a falta de policiamento. “Agradeço a disposição do Dr. Heriberto Paulino (delegado) em querer ajudar, mas a verdade é que o aparelho do estado deixa muito a desejar no quesito segurança pública em nossa cidade.” Disse ainda a secretária Maria José.
É lamentável a situação de quem ainda quer frequentar uma escola pública na zona rural do interior do estado. Os níveis de educação não deveriam ser medidos apenas pela formação acadêmica dos professores, nem pelos espaços físicos disponíveis para o ensino regular. Os níveis de educação devem ser mensurados também pelas condições de vida que o estado (União, Estado e Município) oferece ao cidadão.
Sem oferecer atendimento adequado à saúde do cidadão e sem oferecer segurança digna para a população dificilmente teremos uma educação satisfatória e condizente com um país tão rico por um lado e tão miserável por outro.